Ei, pessoal. Hoje preparei um conteúdo especial para vocês com informações quentinhas sobre nossa cidade. Vocês sabem que amo falar sobre esses assuntos e a história da vez é sobre a nossa querida igreja matriz. Vamos lá?!
Por que foi construída?
Entre 1556 e 1558, o donatário da capitania do Espírito Santo e líderes indígenas dos Tupiniquins e dos Temiminós fizeram acordos por intermédio dos jesuítas, iniciando a formação de aldeamentos em Guarapari, então chamada de aldeia Rio Verde. Embora já fosse uma aldeia, não havia missionários regulares, sendo visitada por padres das aldeias da Conceição e de São João, atual Serra.
O padre José de Anchieta chegou ao Espírito Santo em 1569 para fundar novas aldeias. Finalmente, em 1580, como provincial da Companhia de Jesus no Brasil, Anchieta determinou a presença regular de missionários.

Construção
Construída no alto da colina em 1585, a igreja marcou a fundação da cidade e deu início ao povoamento de Guarapari. A localização estratégica, em um ponto elevado e próximo à foz do rio Guarapari, era importante para os jesuítas devido aos ataques piratas. No alto, eles podiam avistar os invasores antecipadamente e se esconder.
Na sua inauguração, Anchieta dedicou o templo a Sant’Ana. Após quase 200 anos, passou a homenagear Nossa Senhora da Conceição, devido a políticas jesuíticas.
Funcionamento
Fundada em 07 de outubro de 1585, a igreja funcionou até 1750, quando entrou em processo de ruína, devido à importância adquirida pela aldeia de Reritiba, atual Anchieta. Em 1760, os jesuítas foram expulsos do Brasil, e ambas as igrejas ficaram abandonadas. A segunda construção (hoje conhecida como “Ruínas”) chegou a funcionar como cemitério.
Em 1883, a Igreja Matriz recebeu sua primeira restauração, perdendo algumas características originais. Em 1972, passou por outra restauração, recuperando a cobertura, forros, pisos e pintura em geral.
Arruinamento
Em 1677, Francisco Gil de Araújo iniciou uma nova construção para auxiliar a igreja de 1585. Dizem que também funcionou como colégio e residência dos primeiros padres formados no Espírito Santo e no Brasil. Essa nova igreja funcionou por um tempo, mas em 1875, o engenheiro Maximiliano Maria inspecionou a construção e achou mais viável reformar a Antiga Matriz de 1585.
Mais de um século depois, em 1878, começou a reforma da primeira capela, que foi ampliada. A igreja foi reinaugurada como Matriz Nossa Senhora da Conceição em 1883. A igreja substituta foi cemitério, presídio, horta e, hoje, é conhecida como “Ruínas”, localizada próxima à Antiga Matriz.
Nos dias de hoje
Apesar dos seus mais de 400 anos e das intervenções sofridas ao longo do tempo, a obra não foi descaracterizada. Com elementos de arquiteturas quinhentista e barroca, a alvenaria e a cobertura são exemplos da conexão histórica da igreja. A Antiga Matriz abriga um museu sacro com peças do século XVIII e é considerada patrimônio nacional, tombada pelo IPHAN em 1970.
A Igreja Nossa Senhora da Conceição é um dos cartões-postais de Guarapari, localizada na Rua João Cavati, no Centro.
Minha relação com a Antiga Matriz
Tive a sorte de fazer catequese nessa igreja histórica. Quando criança, sempre ouvi muitas histórias, como túneis que iam da igreja a lugares como a Praia da Fonte e a Praia das Virtudes.
Lembro também da reforma que fizeram em 2011 na fachada da igreja. Renovaram a pintura e as conchas que foram cantadas por Ana Ribeiro, na época esposa do faroleiro. Ela morou 15 anos na Escalvada e, depois de viúva, se mudou para a aldeia. As conchas foram coladas uma a uma em volta das portas e janelas, sob coordenação da nossa conterrânea Beatriz Bueno, criando um mosaico único.